O Grande Livramento que Deus me deu
(1992 - Em 3 partes) - Bento Bevilacqua
PARTE - 1
Meu pai, nascido no estado de são Paulo,
descendente de italiano. Minha mãe, nascida no estado de Minas Gerais. Meus
pais nasceram e se criaram na lavoura, ambos com pouco estudos, já que, naquela
época, uma criança entrava na escola e ficava estudando, só até a aprender a
ler e a escrever, até o terceiro ou quarto ano e após aprender a ler e a
escrever, a criança tinha que sair da escola para ajudar os seus pais na
lavoura, já que, naquela época, uma criança começava a trabalhar muito cedo na
lavoura. Meus pais moravam em um sitio, próximo a Jandaia do Sul, uma pequena
cidade do interior do estado do Paraná, onde foi o local do meu nascimento.
Após o
casamento dos meus pais, eles não planejavam terem uma família grande, o plano
deles eram terem somente dois filhos, eles já tinham os dois filhos, um casal,
que são os meus irmãos mais velhos, um irmão e uma irmã, com os nascimentos
deles, meus pais morando na lavoura, não queriam terem mais filhos, eles
queriam somente dois e já os tinham os dois, mas de repente, quando eles menos
esperavam, a minha mãe se engravidou, uma gravidez indesejável e com isso veio
o meu nascimento, no qual, sou o caçula dentre os irmãos. Isso não me trouxe e
nem me trás nenhum problema para mim, ao contrário, eu tenho orgulho disso,
porque, eu não nasci pela vontade dos homens, eu não vim a este mundo, pela
vontade dos meus pais, más sim, pela vontade de Deus. Quando os meus pais não
queriam mais filhos, Deus falou assim: ainda falta um, falta o Bento e graças à
Deus, veio o meu nascimento. Assim também aconteceu com o povo de Israel, Israel
não foi formado pela vontade do homem, mas sim, pela vontade de Deus, já que,
Abraão e sua mulher Sara, já eram ambos de aproximadamente noventa anos e para
dificultar mais ainda, Sara, mulher de Abraão era estéril, ela nunca tinha tido
um filho em toda a sua vida, e ai, entrou o poder e a força de Deus e com isso,
o povo de Israel, não foi formado pela vontade do homem, mas sim, pela vontade
de Deus, assim também aconteceu com o meu nascimento, que não foi pela vontade
do homem, dos meus pais, mas sim, pela vontade de Deus, eu tenho orgulho disso
e não problema com isso.
Meus pais morando na lavoura, no município de
Jandaia do Sul, interior do estado do Paraná, após o meu nascimento, o meu pai, o qual tenho muito orgulho,
por ser um trabalhador, muito honesto e humilde, propôs em seu coração de colocar
o nome de Bento, que quer dizer: Bendito, abençoado, aquele que é de Deus, mas
acredito eu, que ele nem sabia o significado do nome, mas a minha mãe foi
totalmente contrária, ela achava feio o nome e não concordava com o meu pai,
mas no dia de fazer o registro no cartório do meu nascimento, o meu pai pegou a
sua bicicleta e foi sozinho na cidade e no cartório de registro civil, me
registrou com o nome de Bento, chegando em casa, a minha mãe ficou muita
furiosa, ela não gostava do nome, ela não me chamava de Bento, mas sim, só de
Bentinho. Não que o meu pai me escolheu o nome, mas sim, Deus escolheu o nome e
colocou dentro da cabeça do meu pai, o satanás sabendo disso, ele não queria o
nome de Bento, ele usava a minha mãe para impedir a colocação do nome de Bento,
assim como ele não queria o meu nascimento, colocando nas cabeças dos meus
pais, para eles só terem dois filhos, evitando com isso, o meu nascimento. Deus
escolheu o meu nome, assim como Ele escolheu o nome de João Batista, cujo pai
Zacarias, ficou mudo e os seus familiares queriam colocarem um outro nome, más
o pai Zacarias escreveu em uma pequena tábua, assim: Ele se chamará João, que é
o João Batista que batizou o Senhor Jesus, conforme vemos em Lucas 1-63
Eu com um ano de idade, morando em um sitio
próximo a Jandaia do Sul, meus pais receberam uma pequena herança e com isso,
eles compraram o próprio sitio, um pequeno sítio no município de Assis
Chateaubriand, cidade do interior do estado do Paraná. A cidade de Assis chateaubriand
estava começando, as poucas casas que tinham eram cobertas de tábuas ou com
folhas de coqueiro, não tinha asfalto naquela época, as estradas eram de terra,
quando chegava o tempo das chuvas, as estradas ficavam sem condições de tráfego
por causa do barro e buracos com atoleiros, em que, os poucos veículos que
tinham na época, não conseguiam
trafegarem pelas estradas. O pequeno sítio que o meu pai comprou, era todo
coberto por matas e com isso, ele teve que fazer o desmatamento no
braço e sozinho, para fazer as plantações e criações no sítio. Eu com dois anos
de idade, eu fui atacado por uma doença muito grave naquela época,
uma doença que matava muitas crianças naquela época, que foi uma grande diarréia, que causa uma grande
desidratação na criança, causando com isso a sua morte. Até hoje, essa doença ainda
mata muitas crianças em regiões pobres. Hoje se conhece e se faz o soro caseiro
que pode salvar muitas crianças, mas naquela época as pessoas, incluindo os
meus pais, não conheciam e nem sabiam fazerem o tal soro para a hidratação da
criança, e eu, com dois anos estava com essa terrível doença na época, morando
no sítio, no meio da mata, com poucos vizinhos e os que tinham ficavam muito
longe uns dos outros, porque a região era nova e estava iniciando a
colonização. Meus pais já tinham feito de tudo para mim, eles não sabiam o que
fazerem mais, a criança com essa doença, não pode comer e nem beber e em poucos
dias a criança morre desidratada. A cidade mais perto era Assis Chateaubriand,
que ficava aproximadamente cinqüenta quilômetros, mas na cidade, não tinha
médico e nem hospital naquela época, além do mais, meus pais não tinham
dinheiro. Na época da chuva, não tinham transporte, por causa das estradas que
eram de terra, sem asfalto e os carros não conseguiam trafegarem por causa do
barro e buracos, nem bicicleta podia andar por causa do barro. As pessoas mais
antigas conhecem muito bem essa situação. Eu já estava a beira da morte com a
minha doença, os meus pais sem dinheiro e sem condições já tinham feito de
tudo, não sabiam o que fazerem mais. Um tio meu, chamado de tio Luiz, veio em
casa nos visitar e ficou sabendo da minha doença, ele tinha em sua casa um
remédio que meus pais não o conhecia, que era um pó marrom com gosto de
chocolate, era um santo remédio naquela época, mas os meus pais não tinham e
nem o conhecia. Após o meu tio saber da minha doença, ele foi até a sua casa e
me trouxe esse remédio, foi o que me curou. Deus permite a doença e provações
sim, por causa do inimigo, assim como aconteceu com o Jô, mas Ele dá o escape
também, acredito eu, que o meu tio foi enviado por Deus, para ir lá em casa nos
visitar e me dar o remédio para me curar da minha doença.
Veja
então que, o inimigo não queria o meu nascimento, colocando nas cabeças dos
meus pais para eles só terem dois filhos, os quais eles já tinham. Após eu ter
nascido, ele não queria o nome de Bento, colocando a minha mãe completamente
contrária ao meu nome e após, me enviou aquela grave doença, naquela época,
para me tirar a vida, já que, naquela época, morriam muitas crianças com essa
doença, mas graças à Deus, o Senhor tem me abençoado e me livrado de todos
esses males, desde a minha infância até o dia de hoje. Após a minha cura,
continuamos morando no mesmo sítio, morávamos em uma casa simples, perto de um
rio, tenho boas recordações daquela época, não tinha energia elétrica no sitio,
não tinha televisão, mas vivíamos bem e felizes. Desde que eu me conheço por
gente, nunca vi os meus pais brigando ou xingando um ao outro, isso é uma coisa
que me dá orgulho dos meus pais. Meus familiares sendo todos descendentes de
italiano, tem uma ligação forte com a igreja de Roma, todos os domingos, meus
pais me levavam à missa e também, os meus pais nunca me maltrataram a mim e
meus irmãos. O meu tio Luiz, também comprou um sitio ao lado do sitio do meu
pai, mas na época em que eu estava doente, o meu tio Luiz ainda estava morando
em Jandaia do Sul, logo em seguida, o tio Luiz, juntamente com a sua família,
veio morar no seu sitio que ele também comprou ao lado do sitio do meu pai, e
com isso, eu tinha oito primos para eu brincar, posso dizer, que eu tive uma
infância feliz. Não tínhamos dinheiro no sitio, mas também não tínhamos falta
de nada, o pai só ia na cidade para comprar certas coisas que não se produzia
no sitio, tais como: Açúcar, querosene para a luz (lamparina), calçados, roupas
e remédios.
Com o
passar dos anos, novos vizinhos foram chegando na região, meu pai plantou café
e criava umas poucas cabeças de gado que ele tinha e criávamos muitas aves
também. Dinheiro no sitio nós não tínhamos, mas também não passávamos fome ou
necessidades de nada, pois tínhamos alimentos em abundância no sítio. No
início, não adiantava plantar ou criar para vender, pois não tinham
compradores, os que moravam nos sítios, plantavam e criavam para os seus
sustentos também, assim como nós e não tinham cidades maiores perto naquela
época, para se vender os produtos produzidos no sitio, graças à Deus, nunca
passamos necessidades.
Eu
com sete anos de idade, comecei a ir na escola, já que naquela época, uma
criança só ia para a escola, com sete anos de idade e não tinham as creches que
se tem hoje, era uma pequena escolinha de madeira, que existia próximo do
sitio, com assoalho de tábuas, cujo lápis e borracha caiam debaixo do assoalho da
escola, pelos buracos do assoalho, e nós, os alunos, tínhamos que pedirmos
licença para a professora Aninha (Ana), para ir procurar o lápis lá fora, lá
embaixo do assoalho da escola, não tínhamos uniformes dado pelas escolas, como se faz hoje, não tínhamos comida ou lanche na
escola e nem materiais escolares dado de graça, como se faz hoje. Eu não tive
uma boa base escolar, isso explica o meu mal português, mas isso não me
envergonha de dizer, ao contrario, eu nunca neguei a minha origem, ao
contrário, eu tenho orgulho de falar. Muitas vezes, a minha mãe tinha que ir na
lavoura ajudar o meu pai e eu como criança, eu não podia ficar em casa sozinho,
e com isso, eu ia junto para a lavoura, desde pequeno, desde cedo, aprendi a
trabalhar na lavoura, mas não trabalhei muito na lavoura não, porque, quando eu
tinha nove anos de idade, meu pai se mudou para a cidade.
Meu pai
tem pouco estudo, mas desde a época do seu casamento, ele sempre teve a
intenção de ir morar na cidade para
dar estudos aos filhos, é aqui,
que eu admiro o meu pai, porque ele já pensava grande, mesmo tendo pouco estudo e as condições precárias
naquela época
Quando
nós morávamos no sitio, quando eu tinha sete anos de idade, minha mãe levantava
bem cedo, para fazer o café, ela ligava um grande radio que nós tínhamos, um
radio tocado à pilha, ela ligava o radio em alto volume, e eu ainda deitado na
cama, ficava ouvindo as musicas sertaneja no radio, naquela época se tocava
muito a musica que é o hino e a canção
da cidade de Maringá, que se chama: Maria do Ingá, que deu origem no nome da
cidade de Maringá, foi um grande sucesso nos rádios naquela época, os mais
velhos sabem muito bem disso, todos os dias, essa musica era tocada no rádio e
toda vez que se tocava essa musica, toda vez que eu ouvia essa musica, os meus
olhos se arregalavam, o meu coração se alegrava e batia mais forte, eu gostava
muito desta musica, eu ia para a lavoura e ficava o dia inteiro tentando cantar
essa musica, mas eu só sabia cantarolar assim: Maringá, Maringá. Eu ficava o
dia inteiro falando: Maringá, Maringá, era o único pedaço da musica que eu
sabia cantar, eu nem sabia que Maringá era uma cidade, eu nem sabia que a
cidade de Maringá existia, hoje eu posso dizer: Eis me aqui Maringá, já que por
muito tempo, andei vagando por todo o Brasil e nunca parei em nenhuma cidade,
eu ficava andando de cidade em cidade, mas no ano de mil novecentos e noventa e
quatro eu cheguei aqui em Maringá e fiquei na cidade. Hoje eu entendo, que Deus
tinha um plano em minha vida aqui na cidade de Maringá, como se vê nos dias de
hoje, que as profecias estão sendo abertas e reveladas através de mim.
Quando
eu tinha sete anos de idade, que eu ia para a lavoura, ao meio dia, passava um grande
avião à jato no céu e deixava aquela trilha de fumaça que vemos no céu, aquele
avião para nós, que estávamos na lavoura sem relógio, era como um relógio, pois
que, quando ele passava, ficávamos sabendo que era meio dia, eu gostava muito
de ver aquele avião passando no céu e voando muito alto, deixando a sua trilha
de fumaça e eu ficava de boca aberta, vendo aquele avião passar ao meio dia e
com isso, aprendi a gostar de avião, e hoje, graças à Deus, eu sou um piloto de
avião monomotor, mas nunca tive a oportunidade de trabalhar como piloto de avião
ou de ter um avião
No ano de mil novecentos e setenta e dois,
meus pais colocaram empregados no sítio e mudamos para uma pequena cidade
chamada de Palmitolândia, no município de Assis Chateaubriand, era uma pequena
cidade de aproximadamente três mil habitantes, eu tinha nove anos quando
mudamos para essa cidade, foi uma grande mudança em minha vida, já que, lá no
sitio eu tinha que ajudar o meu pai na lavoura e também tratar dos animais e na
cidade, eu não precisava mais trabalhar na lavoura, a minha vida era só estudar
em um colégio bem melhor e brincar o resto do dia. Fiquei com
saudade dos meus primos que ficaram morando ainda lá no sitio, foi uma grande
mudança em minha vida, mas aqui, o meu pai estava realizando o seu sonho de dar
bons estudos para os seus filhos. Com a venda do café e com a venda de algumas
cabeças de gado, o meu pai comprou um fusca novo e levou para a cidade de
Palmitolândia e colocou-o como táxi na cidade, já que na pequena cidade, não
tinha nenhum táxi. O meu pai foi o primeiro taxista da pequena cidade, aqui
houve uma grande mudança na vida do meu pai também, ele que nasceu e se criou
trabalhando na lavoura, de um dia para outro, estava trabalhando como taxista
em uma pequena cidade. Com a mudança para a cidade, na qual, eu tive uma grande
mudança em minha vida, coisas que nós não tínhamos lá no sitio, passamos a
termos, tais como: energia elétrica, geladeira, televisão e entre outras coisas
mais. Quando eu cheguei na cidade, com nove anos de idade, logo fiz novos
amigos, a minha vida era brincar e estudar, eu jogava muita bola com os meus
amigos, íamos no rio pescar e tomar banho, mas não fazíamos maldades, não
fazíamos coisas erradas. Naquela época a gente não conhecia e nem sabia o que
era drogas, graças à Deus, posso dizer que tive uma infância saudável e feliz. Meu pai
trabalhava como taxista na pequena cidade e tínhamos o rendimento do sitio, já
que o sitio, estava sendo cuidado por empregado
No ano de mil novecentos e setenta e sete, eu
já estava com quinze anos de idade, o meu pai comprou um sitio, na cidade de
Alta Floresta, cidade do interior do estado de Mato Grosso, quase divisa com o
estado do Pará, cuja cidade de Alta Floresta, fica aproximadamente oitocentos
quilômetros da capital Cuiabá. A cidade de Alta floresta estava começando. De Cuiabá até a
cidade de Alta Floresta, era toda estrada de terra, não tinha nada de asfalto, a cidade tinha aproximadamente dois mil
habitantes, o meu pai levou o seu fusca e colocou como táxi na cidade de Alta
floresta, no mês de fevereiro de mil novecentos e setenta e sete, já que a
cidade estava começando e não tinha nenhum táxi, e com isso, o meu pai foi o primeiro
taxista de Alta Floresta, o pioneiro. Quando chegamos na cidade, a cidade só
tinha dois bares e duas lanchonete,
tinha só três mercadinhos pequenos, onde poderíamos fazermos as nossas compras.
A gente via na rua, muitos peões com machado e moto serras nas mãos, para
derrubarem a mata e fazerem plantações e pasto para gados.
No ano
seguinte, no ano de mil novecentos e setenta e oito, foi descoberto ouro na
região de Alta Floresta, cidade do interior de Mato Grosso e com isso, a cidade
teve um grande desenvolvimento econômico, a cidade cresceu muito com o ouro descoberto na região,
pois era grande a movimentação de garimpeiros a procura de ouro na região e com
isso, ninguém mais queria trabalhar com derrubada de mata ou trabalhar na
lavoura, mas todos procuravam uma atividade ligada ao garimpo de ouro. O meu
pai trabalhando como taxista na cidade, ele ganhou um pouco de dinheiro e deu
uma casa para cada filho. Eu acredito aqui, que Deus tenha guiado o meu pai
para ir morar naquela cidade, já que nós nunca iríamos imaginarmos, que,
estaríamos indo para uma cidade, que logo em seguida, no ano seguinte, iriam
descobrirem garimpos de ouro na região da cidade e com isso, a cidade ficou
sendo conhecida em quase todo o Brasil, pela grande quantidade de movimentação
de garimpeiros a procura do ouro.
Quando
cheguei em Alta Floresta, com os meus quinze anos de idade, eu não trabalhava,
eu só estudava e jogava muita bola com os meus amigos, eu tinha uma vida feliz
e tranqüila morando na casa do meu pai. Eu tinha muitos amigos na cidade,
cheguei até a montar um time de futebol, chamado de santos, que na época,
chegou ao ponto de ser o melhor time da cidade, eu era o fundador do time, o
presidente, o técnico e jogador, a minha vida era muita tranqüila naquela
época, eu ficava jogando bola com os meus amigos e tomando banho de pisína em
um clube, eram as coisas que eu mais fazia na cidade. Logo em seguida, eu
arrumei serviço em um escritório de contabilidade e trabalhei três anos no
escritório. Eu tinha muitos amigos na cidade, eu jogava muita bola com eles,
mas nós não fazíamos coisas erradas e nunca tive envolvimento com drogas. Pensei
em ir trabalhar no garimpo, a procura de ouro, e fui, após ficar dois meses no
meio do mato, cavar um buraco manualmente de aproximadamente 6x10, com três
metros de profundidade e só tirar treze gramos de ouro, que nem deu para
pagarem todas as despesas, eu desisti do garimpo, eu vi, que aquela vida ali,
não era para mim, eu sabia no fundo, que Deus tinha um plano especial para mim,
mas a ida ao garimpo me serviu como experiência para a vida.
Aos
domingos eu ia na missa, na igreja de Roma, só para agradar a minha mãe e meu
pai, mas eu sabia que muitas coisas estavam erradas. Quando eu estava estudando
à sétima série em um colégio, na cidade de Alta Floresta, eu tinha uma
professora que se chamava Josefa, era uma mulher crente, uma evangélica, ela
dava aula de ensino religioso que tinha no currículo da escola, era uma
professora muito simpática, na aula dela, ela ficava contando historinhas da Bíblia,
tais como: a Arca de Noé, Sansão e Dalila entre outras historias da Bíblia, eu
não tinha nenhum conhecimento da Bíblia, eu nunca tinha lido a Bíblia antes,
mas as historias contadas pela professora Josefa, que Deus abençoe muito à ela,
as historias me encantava, eu me sentia maravilhado com as suas historias, era
a aula que eu mais gostava. No ano seguinte, não tivemos mais aula da
professora Josefa e com isso, pensei
comigo mesmo, que deveria ler a Bíblia e aprender outras historias, diretamente
na Bíblia, para que eu possa a aprender essas historias lindas e com isso,
peguei uma grande Bíblia que tinha lá em casa, uma Bíblia de católico, que só
servia para enfeitar a estante da casa, já que os meus pais por terem poucos
estudo, não sabem estudarem a Bíblia e mesmo que eles lessem a Bíblia, não iriam
compreenderem nada do que esta escrito. Eu comei a ler a Bíblia em meu quarto,
quanto mais eu lia, mais eu entendia a Bíblia, quanto mais eu entendia, mais eu
queria ler, me sentia maravilhado com as historias da Bíblia, principalmente
como Deus fez o mundo e com a arca de Noé, e com isso, Deus foi me dando um
pequeno conhecimento Bíblico, coisa que eu não tinha e através desse pequeno
conhecimento, fui fazendo comparações das coisas que estavam escrito na Bíblia
e das coisas que tinham na igreja de católico e das coisas que os padres
falavam, tais como: na Bíblia fala, que não se pode fazer imagens de nada do
que esta no céu e nem na terra, que essas imagens, provoca muito a ira de Deus,
mas eu via dentro das igrejas de católicos, muitas imagens e com isso, fui
perdendo a fé na igreja de Roma, muitas vezes eu só ia na missa só para agradar
a minha mãe e meu pai. Desde criança, nunca gostei de fazer o mal para os
outros, o temor à Deus dentro de mim não me deixava e nem deixa eu praticar a
maldade para os outros. Acredito eu, que Deus tem colocado aquela professora, a
professora Josefa em meu caminho, para me despertar para as Sagradas Escrituras. Eu desde pequeno, eu sempre temi à
Deus, tal como: Eu não posso fazer o mal, porque Deus esta vendo e com isso,
sempre evitei de fazer o mal, sempre evitei de entrar para o caminho do mal. Eu
sempre tive sede dentro de mim, para que pudesse entender mais as coisas de
Deus, eu sempre tive sede dentro de mim, para entender as coisas de Deus, qual
é a sua vontade e com isso, comecei a fazer pequenos estuda da Bíblia sozinho
em casa, com esses pequenos estudos que fiz naquela época, aprendi pouca coisa,
mas o básico, tais como: Não fazer imagens e nem ajoelhar diante delas, aprendi
como Deus fez o céu e a terra, aprendi sobre a arca de Noé e outras coisas
mais, mas somente o básico
Quando
fomos morarmos em Alta Floresta, em Mato Grosso, o meu irmão não pode ir junto
com nós, porque ele estava servindo o quartel em Cascavel, uma cidade do
interior do estado do Paraná, após ele terminar o seu tempo de quartel, ele foi
morar em Alta Floresta também, mas ele não gostou de ficar morando na cidade,
que era uma cidade pequena e com poucas oportunidade de trabalho, e com isso,
ele foi morar em Manaus, capital do Amazonas, chegando em Manaus, o meu irmão
mais velho, comprou um táxi na cidade de Manaus, ele já conhecia a profissão do
meu pai, que era taxista e com isso, ele ficou trabalhado de taxista em Manaus
por dois anos. Após passado dois anos, ele veio passear em casa, na cidade de
Alta Floresta, ele tinha acabado de comprar um segundo táxi, ele em visita em
casa, falou para mim, se eu queria ir morar e trabalhar de táxi em Manaus, com
o segundo carro que ele tinha acabado de comprar, nessa época, eu tinha
completado dezoito anos, eu tinha acabado de tirar a minha carteira de
motorista e com isso, aceitei o convite dele, perguntei para a minha mãe e ela
deixou prontamente, e com isso, no ano de mil novecentos e oitenta e dois, eu
com dezoito anos, larguei a minha boa vida em Alta Floresta, na casa dos meus
pais, larguei todos os meus amigos na cidade, larguei o meu time de futebol, o
meu time chamado de Santos, larguei a minha vida boa, para enfrentar o
desconhecido, eu não pensei bem, porque, se eu pensasse bem em todas as coisas
que eu largaria para trás, eu não teria coragem e ir para uma cidade distante e
desconhecida, já que, eu tinha todo o conforto dentro da casa do meu pai, e
tinha a minha casa própria que ele tinha me dado. Eu acredito que, tudo isso,
tem sido o plano de Deus em minha vida, já que, eu sendo o filho mais novo em
casa, o caçula, eu nunca tinha ficado longe dos meus pais e quando eu falei que
eu queria ir morar e trabalhar de táxi em Manaus, minha mãe e meu pai aceitou
de primeira, não tentou me impedir e nem falou uma palavra ao contrário, e eu
também, não pesei bem na hora, porque, se eu tivesse pensado bem na hora,
talvez eu não teria ido para Manaus trabalhar e estudar, bem longe dos meus
pais, e largando a boa vida e os meus amigos para trás, na cidade de Alta
Floresta. Naquela época, se eu tentasse explicar para os meus amigos, que eu
tinha que sair da cidade de Alta Floresta, porque eu tinha uma missão a
cumprir, como se vê no dia de hoje, eles não iriam aceitarem ou entenderem,
muitos iriam me chamar de louco, mas essas coisas estão dentro de nós, eu sabia
que Deus tinha um plano em minha vida, como se vê no dia de hoje, mas naquele
tempo, eu não sabia o que era e nem como seria, que, pela graça, sabedoria e
conhecimento que Deus me deu, hoje eu estou ensinando o mundo. Uns eu estou
ensinando e a outros eu estou negando ou contradizendo
Chegando em Manaus, no ano de mil novecentos e oitenta e dois, com
dezoito anos, estudando na oitava serie, comecei a trabalhar de táxi e a
estudar no colégio. Eu sempre tive em mente, que eu tinha que terminar o meu
segundo grau, que é o ensino médio hoje, e assim o fiz. No inicio, foi muito
difícil para mim, morando em Manaus, em uma cidade grande, longe dos meus pais
e amigos, não tinha tempo para mais nada, a minha vida era trabalhar de táxi
dentro da cidade de Manaus o dia inteiro, eu não trabalhava parado em ponto, mas
sim, ficava rodando sem parar para pegar os passageiros. Eu trabalhava com um
fusca, já que, naquela época, no ano de mil novecentos e oitenta e dois, só
tinha fusca como táxi na cidade de Manaus. Naquela época, as pessoas não faziam
compras no Paraguai, como se faz hoje, as pessoas de todo o Brasil iam fazerem
compras em Manaus, a cidade recebia muitos turistas do Brasil e do exterior. Eu
sentia muita saudade dos meus amigos e do meu time de futebol, que eu tinha
deixado em Alta Floresta, já que eu não podia mais jogar bola e nem tomar mais
banho de psina, vejam então, que a minha vida teve uma grande mudança de uma
hora para outra, teve uma grande transformação. Chegando em Manaus, trabalhando
de táxi durante o dia e estudando a noite, o meu tempo era muito corrido e com
isso, eu evitava ter amigos, eu dedicava todo o tempo com o meu trabalho e os
estudos, já que na época, ainda tinha sonho de voltar para a cidade de Alta
Floresta, após terminar os meus estudos.
Eu sempre gostei de avião e em Manaus conheci a escola de formação de
piloto, fiz o curso de aviação, no teste teórico, fui aprovado na primeira vez.
Tinham quatorze alunos no meu teste teórico para piloto, e só passou dois, eu e
mais um outro aluno, Deus me abençoou para que eu fosse aprovado de primeira,
realizando assim, o meu sonho de ser um piloto. Após passar
nas provas teórica, tinha que trabalhar em meu táxi, para pagar as horas de vôo, que são caras, eu gostava
muito de fazer as aulas praticas de vôo, já que nós fazíamos os treinamentos de
vôo bem em cima do rio Amazonas, bem
próximo ao encontro das águas do rio Negro com o rio Solimões, que dá origem ao
rio Amazonas. Após cinco anos de trabalho de táxi em Manaus, eu consegui
terminar o segundo grau, que é o ensino médio e saindo como técnico em
contabilidade, sendo que hoje, eu posso montar um escritório de contabilidade e
também me formei em piloto de avião monomotor, sendo que eu foi o primeiro
piloto formado pelo serac-7, já que na época, só existia o serac-6 (Serviço
Aviação Civil), foi grande a minha alegria.
Os meus
pais ainda estavam morando em Alta Floresta, meu pai vendeu o pequeno sitio que
ele tinha em Assis Chateaubriand, no Paraná, e repartiu em herança entre os
seus filhos, eu peguei a minha parte, e comprei três táxi em Manaus, e ele, já
tinha me dado uma casa na cidade de Alta Floresta, eu estava até bem
economicamente na vida, mas eu já não tinha mais motivação para continuar
trabalhando de táxi em Manaus. Eu com a carteira de piloto na mão, eu pensei em
ir voar no garimpo, já que, naquela época, muitos pilotos voavam em regiões de
garimpos, até sem carteira, já que, naquela época, em muitos garimpos de ouro,
no meio da mata, só era possível a chegada de garimpeiros e de mercadorias através
de pequenos aviões, só que é uma aviação muita perigosa e sem segurança e
fiscalizações e na época também, existiam muitas violências nessas regiões de
garimpos, se eu tivesse enfrentado essas situações, eu poderia ter ganhado
muito dinheiro como piloto em regiões de garimpos, mas eu sabia, que aquilo
ali, não era vida para mim, mesmo sendo um apaixonado por avião, eu sabia que
Deus tinha uma missão em minha vida, mas eu não sabia qual era, eu ficava
inquieto, como se estivesse faltando alguma coisa em minha vida, eu evitava ter
amigos, pois eu sabia, que os tais não iriam me entenderem. Nessa época, já não
tinha mais interesse de voltar a morar em Alta Floresta, já que, os garimpos da
região não tinham mais ouro e também eu sabia que Deus tinha uma grande missão
em minha vida e não era na cidade de Alta Floresta, eu sabia que não tinha mais
nada a fazer naquela cidade e também, não tinha mais motivação para continuar
morando e trabalhando em Manaus. Vendi os meus três táxi em Manaus, incluindo a
casa de Alta floresta, sendo que todas essas coisas foram o meu pai que me deu
como herança, eu nunca tinha conseguido comprar nada com o meu próprio
dinheiro, só consegui pagar os meus estudos com o meu próprio dinheiro. Eu
ajuntei todo o meu capital e foi morar em Boa Vista, capital de Roraima, que
fica a uma distância de aproximadamente setecentos quilômetros de Manaus, que
na época, era toda estrada de chão, já que em Boa vista, era região de garimpos
de ouro também, assim como era Alta Floresta. Chegando em Boa Vista, sem saber
o que eu fui fazer lá, eu não tinha nada em mente, Deus não queria que eu fosse
naquela cidade, falo assim, porque, para mim ir para Boa Vista eu comprei um
carro opala duas portas, enchi o tanque de gasolina, após eu sair do asfalto de
Manaus e entrar na estrada de terra que leva a Boa Vista, após eu andar cinco
metros, o pneu do opala furou, eu troquei o pneu e voltei para Manaus, para
consertar o pneu do carro. Naquela época, de Manaus até Boa Vista, tem
aproximadamente setecentos quilômetros, a estrada era toda de terra e só tinham
matas nos dois lados da estrada, que é até hoje uma grande reserva indígena e
não tem cidades na estrada, porque a estrada, corta uma grande reserva de mata
indígena e com isso, não tem cidades e nem povoado próximo da estrada. Após eu
consertar o pneu do carro, achei que estava pronto para enfrentar a viagem, na
qual, eu estava humanamente sozinho. Quando iniciei a minha viagem para Boa Vista, estava
chovendo, após ter andado aproximadamente cem quilômetros, o meu opala, estava
sem a proteção do disco e platô, que fica embaixo do carro, aquele carro estava
rodando só na cidade de Manaus, onde ele andava só no asfalto, no momento em
que fui andar com ele na estrada de terra, sem a tampa de proteção do disco e
platô, a terra com areia lixou e estragou o disco e platô do meu opala e com
isso, as machas do carro não engatava mais, a cidade de Boa Vista, estava há seiscentos
quilômetros adiante, a cidade de Manaus estava a cem quilômetros atrás. Na
estrada não tinha oficina mecânica e nem cidade, só dois posto de gasolina e
com isso, tive que amarrar o meu opala atrás de um caminhão e rebocar o carro
até Manaus, para arrumar o carro. Após trocar o disco e platô do carro, colocar
a proteção também, achei que estava pronto para ir para Boa Vista e com isso, iniciei
a minha viagem novamente, a estrada era toda de terra, não tinha asfalto, tinha
muitos buracos na estrada, o carro batia e caia em muitos buracos na estrada,
de tanto bater e cair em buracos que
tinha na estrada de terra, quebrou a bandeja do meu opala, e com isso, a roda
dianteira do carro não ficava mais alinhada para frente, não tinha mais como
andar com o carro, eu estava humanamente sozinho e já tinha andado
aproximadamente quatrocentos quilômetros da cidade de Manaus, o carro estava
com a bandeja quebrada, no meio da estrada, a qual, só tinha mata nos dois lados, cujas matas
eram reserva indígena, larguei o opala
na beira da estrada e fui de carona até Boa Vista, para buscar um
mecânico para consertar o meu carro, chegando em Boa vista... CONTINUA NA PARTE 2
E-mail: bentomaringa@bol.com.br - Bento Bevilacqua
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